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Especial UFT 20 anos

Universidade mira em oportunidades regionais e no horizonte internacional para avançar em pesquisa e inovação

Por Bianca Zanella, com a colaboração de Artur Guedes (estagiário) | Publicado: Sexta, 21 de Abril de 2023, 10h20 | Última atualização em Quinta, 20 de Abril de 2023, 14h49

Com o desafio de ampliar o impacto da produção científica, UFT deve sediar, no segundo semestre, 1º Encontro Internacional de Tecnologia do Tocantins, e lança em breve terceira edição do edital universal para financiamento de projetos de pesquisa.

"Podemos dizer que, hoje, a UFT já alcançou a maturidade em pesquisa." A avaliação é do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Raphael Pimenta. "Se olharmos para o volume e impacto das nossas publicações, a quantidade de laboratórios e equipamentos, vemos que a nossa Universidade alcançou muito rapidamente um estágio de desenvolvimento e está consolidada como uma das principais instituições científicas da Região Norte. Tudo isso em apenas 20 anos!", ressalta ele. "Temos frentes de pesquisas não só no Tocantins, mas também no Pará, na Bahia, no Maranhão... em todos os estados circunvizinhos", acrescenta o diretor de Pesquisa, Thiago Pereira, reforçando a presença e atuação regional da 'Federal do Tocantins'. "A pesquisa no nosso estado está crescendo e a UFT, sem dúvidas, é a grande responsável por impulsionar isso", pontua. Não por acaso, 66% dos selecionados no mais recente edital de bolsa produtividade da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Tocantins (Fapt) são pesquisadores da UFT.

Vista aérea do Câmpus de Gurupi (Foto: Denis Passos, Arquivo Sucom)Vista aérea do Câmpus de Gurupi (Foto: Denis Passos, Arquivo Sucom)

Com 12 professores-pesquisadores destacados pelo CNPq com bolsas de produtividade vigentes, mais de 600 projetos de pesquisa em andamento, cerca de 4,5 mil projetos de pesquisa cadastrados no sistema de Gestão de Projetos Universitários (GPU) desde a criação da Universidade (uma média de cerca de 220 por ano) e trabalhos publicados em periódicos conceituados nacionais e internacionais, a UFT já conseguiu alcançar, proporcionalmente ao seu tempo de existência, bons níveis de produção e relevância científica, conforme analisa o pró-reitor. "O desafio, agora, é ampliarmos a nossa visibilidade", afirma ele.

Nesse sentido, a novidade é que a UFT deve sediar, no segundo semestre, um o 1º Encontro Internacional de Tecnologia do Tocantins, que terá a participação de representantes de instituições de pesquisa do estado, da Europa, da América do Norte e América Latina. "O objetivo desse evento será colocar a Universidade na vitrine para o mundo, mostrar o que estamos fazendo, articular parcerias e também aprender com o que está sendo desenvolvido lá fora", disse Pimenta. "É sabido que publicações alcançam maior impacto quando produzidas através de parcerias internacionais. Toda a comunidade científica tem a ganhar com essa integração", pontua o gestor.

A Universidade, que em 2023 completa 20 anos, começa sua terceira década de existência com 161 grupos de pesquisa, sendo mais da metade deles (87) nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Letras e Arte. Os demais se dividem pelas diversas outras áreas do conhecimento: Ciências Agrárias, Biológicas, da Saúde, Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências do Ambiente. Segundo estimativas da Propesq, as áreas Sociais e de Humanidades são responsáveis por 60% das publicações da UFT, enquanto as chamadas "ciências duras", em especial as Agrárias, Biológicas e da Saúde, correspondem aos outros 40%. "A Propesq tem atuado para fortalecer e viabilizar pesquisas voltadas para questões locais e regionais em todas as áreas e câmpus, tanto fomentando isso internamente quanto buscando alternativas de financiamento externo", afirma Pereira, que ressalta os Institutos integrados de Ensino, Pesquisa e Extensão como mecanismos importantes para o acesso a recursos de outras fontes de financiamento. Segundo ele, somente nos três primeiros meses de 2023 foram captados cerca de R$ 500 mil para aportes a pesquisa da Universidade, além dos valores que a própria Instituição disponibiliza - em torno de R$ 1 milhão por ano -, tanto para a execução direta de projetos quanto para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), para a participação em eventos acadêmicos e atividades relacionadas à produção científica, como a tradução de artigos, já que a internacionalização das pesquisas ainda é um obstáculo.

Em maio, a Propesq deve lançar a terceira edição do Edital Universal de Pesquisa para destinar R$ 100 mil em recursos da própria pró-reitoria mais aportes de recursos dos câmpus. Com isso, conforme antecipou o pró-reitor, a expectativa é contemplar pelo menos dez projetos em linhas prioritárias indicadas pelos próprios câmpus. "O objetivo é selecionar especialmente propostas com grande potencial de impacto nas comunidades regionais", enfatiza Pimenta.

 

Inovação

Lado a lado com a pesquisa, a inovação consiste na criação ou desenvolvimento de produtos, processos ou serviços novos ou significativamente melhorados com aplicabilidade prática nas comunidades ou no mercado. Nesse aspecto, com a propriedade intelectual de 67 softwares registrados e 54 pedidos de patentes, dos quais cinco já foram concedidos, a UFT reúne o segundo maior portfólio de propriedade intelectual da Região Norte e figurou, em 2019, na lista das 50 instituições brasileiras que mais registraram programas de computador.

Em uma das ações de parceria, pesquisadores da UFT discutem possibilidades de contribuições no setor de logística de grãos (Foto: Caroline Carvalho, Arquivo Sucom)Em uma das ações de parceria, pesquisadores da UFT discutem possibilidades de contribuições no setor de logística de grãos (Foto: Caroline Carvalho, Arquivo Sucom)

Com a Agência de Inovação (InovaTO), lançada em 2022, mais do que aumentar o número de depósito patentes a UFT tem procurado alavancar parcerias e buscar ativamente oportunidades para consolidar a transferência de tecnologia, especialmente no cenário regional. Isso porque as patentes que não são "aproveitadas" no mercado acabam se transformando em ônus em função dos valores envolvidos na manutenção dos registros, que são custeados pela própria Universidade. 

Nesse sentido, a Universidade tem promovido diálogos com empresas de diferentes setores para buscar identificar necessidades do mercado, e, assim, desenvolver projetos de pesquisa voltados para atender essas "dores" específicas, já com perspectivas de recursos para financiamento e aplicação. Assim, a UFT contabiliza um total de 15 acordos firmados com empresas desde 2020, com e sem fins lucrativos, principalmente nas áreas de Tecnologia da Informação (TI) e indústria de transformação. Por meio deles, mais de R$ 5,4 milhões já foram captados para investimentos em ciência e tecnologia na UFT.

A diretora de Inovação e Transferência de Tecnologia, Claudia Auler, explica que esses recursos são para projetos específicos, mas também se revertem, em contrapartida, para outras áreas, contrariando argumentos de que a Universidade se coloca a serviço do mercado. "Quando a inovação começa a girar a roda, isso acaba trazendo benefícios para toda a Instituição, inclusive no ensino e na pesquisa básica, por meio do investimento em laboratórios, equipamentos, insumos, capacitação de técnicos e docentes, entre outras formas de financiamento indireto".

Para a professora e pesquisadora, inovação é um termo transdisciplinar que perpassa o ensino, a pesquisa e a extensão. "No ensino temos as ações voltadas para a educação 4.0, na pesquisa temos o desenvolvimento tecnológico de produtos e processos que, através da extensão, vão alcançar a comunidade e trazer desenvolvimento para a sociedade". "Na UFT buscamos especialmente a inovação social, que é pensada para comunidades específicas e busca soluções acessíveis e aplicáveis em termos de produtos e serviços pensando nas principais 'dores' de determinados segmentos sociais", sublinha ela.

Olhando para o futuro, a diretora indica que os maiores desafios da InovaTO são tornar os processos mais ágeis e transparentes para a formalização de parcerias, auxiliar os pesquisadores a vencer a burocracia envolvida e garantir a segurança jurídica para as partes envolvidas nos processos de transferência de tecnologia. "Além disso, precisamos, também, superar alguns preconceitos para promover a disseminação da cultura de inovação na comunidade acadêmica".

Reflexões e contrapontos

Diante das perspectivas em pesquisa e inovação na UFT, Paulo Sérgio Soares, que é doutor em Educação, mestre em filosofia e coordena o programa de Mestrado Profissional em Filosofia (Prof-Filo) na Universidade, comenta que é preciso reflexão. "Há equívocos que precisam ser esclarecidos no que tange à relação entre a Ciência e a inovação, entre o conhecimento científico e o que se faz dele, considerando que as Universidades sofrem pressão para que as pesquisas estejam atreladas às demandas do mercado, de forma que passam a servir a uma única perspectiva de valor, a saber, a perspectiva capitalista de produção e consumo. Sendo assim, cabe-nos questionar: o conhecimento científico deve servir a todas as perspectivas de valor ou à perspectiva do capital?", interroga o professor. "Esse questionamento permite uma reflexão acerca do papel e da função social de Universidade Pública, no que tange ao conhecimento científico produzido por ela e que, necessariamente, precisa atender a todas as perspectivas de valor e contribuir com o desenvolvimento econômico e social de todos os brasileiros e brasileiras", complementa.

Para o professor, conceitos como empreendedorismo, negócios, produtos e serviços, muito presentes tanto no debate sobre as universidades públicas e sobre a educação em geral atualmente, e inseridos, também, nos próprios currículos educacionais, não são suficientes para resolver os grandes problemas da humanidade. "Não podemos jamais esquecer, enquanto profissionais da Educação Superior, que o papel das Universidades públicas é formar, diferentemente do papel do mercado, que é treinar. A formação humana é o lócus da formação acadêmica e não pode se restringir à formação de uma racionalidade tecnológica e nem tão pouco ser reduzida a treinamento para o mercado. No que se refere à Ciência e à inovação, pode-se afirmar que a Universidade Pública tem uma função social, a saber, que toda e qualquer forma de tecnologia – a título de inovação orientada pela Ciência -, deve servir para atender a todas as perspectivas de valor, seja para minimizar os impactos da luta pela existência e o sofrimento, seja para contribuir com o desenvolvimento humano nos seus diferentes aspectos", conclui o educador.

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